Memórias...
Abro o baú dos pensamentos
e começo a retirar tão bons momentos
há muito tempo ali guardados.
Eles estranham a repentina claridade,
tão diferente do escuro da saudade
a que todos estavam confinados,
alguns há dez, há vinte, há trinta anos,
no tempo em que eu ainda tinha planos
e ainda havia muitos amanhãs.
Outros, um pouco mais recentes,
talvez os últimos sobreviventes
de uma vida cheia de esperanças vãs.
Tiro o pó de um por um, deixo-os brilhando,
e cuidadosamente os colocando
à espera de voltar ao seu arquivo.
E aí percebo, triste e amargurado,
que tornar a por as mãos nesse passado
é a forma de mostrar que ainda estou vivo.