MEU PAI E EU

No teu olhar voltado para o além

Busquei encontrar;

O brilho de outrora.

No rosto rosado de antes

Apenas a palidez,

Transparecia.

Os teus lábios

Que tantas vezes ouvi...

Nem um sussurro emitia.

No corpo inerte

Tentativas vãs

Para a volta

Da vitalidade de antes.

Tentei acordar-te

Porém não me atendias

Falando te chamei

Para o mundo real

Não pude saber

Se me ouvias.

Minhas mãos nas tuas

Procurei transpassar o calor

A vida, que em ti se extinguia

Como num rasgo

Afloraste da tua inconsciência

Levaste as minhas mãos

Ao teu peito amigo

Com esse gesto deste-me forças

Que em ti já não existia

Vislumbrei, pois com isso

Renovaste-me a esperança

De sabê-lo presente comigo.

Voltaste ao torpor de antes,

Sem eu saber

Que naquele instante,

Meu pai de mim se despedia.

No dia seguinte deixaste-me

Mas a certeza do teu amor,

Para sempre na minha vida ficará.

Belém, 22h10

Obra: Gotas

Angela Pastana
Enviado por Angela Pastana em 03/08/2011
Código do texto: T3137960
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