Linhas de aço, linhas do tempo...


Lá vão as linhas de aço
Debruçadas na coxilha
E a velha linha do trem
Cansada do constante vai e vem
Perdeu-se no macegal.
Não faz mal, o trem não vem

Lá vão as linhas de aço
Mas nunca vão se encontrar
já nasceram paralelas.
Quebrando silencio das janelas
Das casas e da estação
Guiando as rodas do destino

Lá vão as linhas de aço
Lá vai a linha do tempo
Levando muitos segredos
Na volta trazendo os medos
Na cara preta da Maria Fumaça
soltando fogo das ventas

Lá vão as linhas de aço
Levando a nossa infância
Com os receios dos guris
E um longo fuiii-fuiii
Do apito do velho trem
Ficou no campo vazio

Lá vão as linhas de aço
É a linha do tempo que passa
Nos dormentes repetidos
Como um verso infantil
Manchando o fundo anil
A negra coluna de fumaça

Lá vão as linhas de aço
Lá vai o tempo que resta
De antigas recordações
Demarcando a cancha reta
Pra carreira que o piazedo
Apostava com os vagões

Lá vão as linhas de aço
Levando o sonho de alguém
Rasgando o verde da pampa
Ficaram estiradas ao relento
Assoviando ao sopro do vento
Lembrando o apito do trem

Ficaram as linhas de aço
Por onde a vida passou
E o trem que nunca voltou
Deixou uma trilha ao léu
Como um caminho pro céu
Perdido além do horizonte.

 
Cesar Tomazzini
Enviado por Cesar Tomazzini em 23/07/2011
Reeditado em 02/12/2011
Código do texto: T3112797
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