CENÁRIO ESFUMAÇADO

I

Os idos tempos de outrora

Nos flashes da minha memória

Espocam cenas de saudade...

Momentos remotos da História.

II

Qual cenas de filme europeu

Caía a névoa embaçada...

A infância buscava o horizonte

Através da vidraça suada.

III

O sol, então rasgava o horizonte

Ao carinho da brisa gelada

E a cidade pulsava ao longe

Sob a névoa da até então madrugada.

IV

A noite caía em silêncio

Por entre a garoa aguçada...

Gotas enevoadas brilhavam

Ao romper de mais uma alvorada.

V

Nos trilhos o bondinho soava...

A levar gente calma e aprumada

E à porta do Mappin-Magazine

Se saltava a cobiçar as vitrines!

VI

Nas casas de chá tilintavam

Sobre ricas toalhas de linho...

Os talheres da mais fina prata

Porcelanas...belas taças de vinhos.

VII

Sob a névoa da Patriarca...

No harmonioso clima de Natal,

Aos seus pais crianças se entrelaçavam

Não temiam a violência atual!

VIII

E agora só enxergo fumaça!

Só há drogas e crianças à toa...

Onde anda aquela minha São Paulo?

Outrora... “terra da garoa”.

SP, 18/08/2005 (SOBRAMES/SP)

Poema publicado, vencedor de desafio literário com tema proposto-" SÃO PAULO DA GAROA"

Obs: Após este trabalho, peço que leiam o conto"AMOR SOB A MARQUISE".Um contraste social vitimado pela ação do tempo e do descaso...