A SAUDADE
A saudade
veio de mansinho:
fez morada no meu peito,
se trancou
toda em segredo,
me deixou assim, tristonho.
A saudade
de algo que nem lembro
mais direito
entrou na minha vida
de repente,
sem dó nem piedade
dos meus sonhos.
Me doeu pelas entranhas,
pelos poros, pelas veias,
desmanchou os meus cabelos
e os meus castelos
de areia...
A saudade,
coisa tão sofrida de sentir
que dói como na hora de partir
mesmo que se passem
vinte séculos.