Maria-fumaça

Uma maria-fumaça

arrasta-se à minha frente,

esfrega seus pés de ferro

nos trilhos que levam

ao fim do mundo.

Tufos de fumaça

ganham os céus

quando passa

a Maria-fumaça com seus

requebros lentos

para acordar minha infância

misturada a de toda a gente.

Passa a Maria-fumaça

diante dos meus olhos de criança

como uma velha dama enlouquecida,

já sem elegância,

a gritar pelos seus mortos

com sua voz do roçar de ferros

do seu caminhar arrastado.

Grita também por seus loucos

Por aqueles que dormem

Por aqueles que jantam

Pelos insones e por aqueles

que não jantam também,

a cada vez que passa,

a Maria-fumaça.

A minha infância

como a de toda a gente

da minha cidade

que fica a meio caminho

do fim do mundo

deitou-se nos trilhos,

no seu caminho,

e você não mais passou,

Maria-fumaça!

JMaffa
Enviado por JMaffa em 26/05/2011
Código do texto: T2995571
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.