AMBIGRAMAS
Quando vejo escrito a palavra
a m b u l â n c i a
a i c n â l u b m a
me volta à lembrança
dos tempos de criança
quando a brincadeira
era fazer ao contrário
nomes em códigos vários
para enganar de mentira
os nossos adversários....
ROMA X AMOR
LÂMINA X ANIMAL
e pouco importava o significado
as mensagens secretas dos ambigramas
os anagramas e as ambiguidades
e os sinais subliminares
que cortam os ares e são tecidos
nos teares de nossos sonhos
solitários...
mas quando se torna adulto
tudo muda de figura
e as ternuras das palavras
se tornam duras demais
quando tiramos dela a paz
e a viramos em sinais
fantamas, sombras e sonhos
de nossos espíritos medonhos....
e o que era uma brincadeira
se torna um caso bem sério
e vira amarga choradeira
e a lenta chocadeira
do ébrio na rua da amargura
que faz de sua ternura
a ilusão do pobre cidadão
e a dureza daquele chão
a lápide de seu coração....
Então olho no espelho
e vejo apenas um velho
que procura a sua cura
no reflexo da amargura
e na luz da pessoa anterior
que um dia chamou de amor
a perene flor quase menina
que um dia foi bem divina
e hoje bate na lembrança
a palavra AMBULANCIA
e o choro de um criança
e o silencio do espelho
ao contrário
e a solidão de um velho
solitário...
que em seu diário tece
versos de muita rasura
e palavras ao contrário
que esconde a ternura
e faz de seus anagramas
solitários telegramas
para um mundo bem confuso
e de vários fusos horários
e vôos solitários toda hora
que risca os céus de aquários
em busca de uma nova aurora...
eles x sele