Mulher no retrato
O retrato que olha para mim
não me pertence mais.
Pertence ao passado.
Está preso às asas de um
tempo antigo apenas
como a velha fotografia
que é.
Em um instante a
máquina congelou,
tentando enganar o tempo.
Mas o tempo não parou.
Ele se movimenta no ponteiro
do relógio, na corrida
dos segundos, minutos
e horas.
O que hoje vejo não
retrata mais o que
eu era, mesmo
assim sou um pouco
da mulher no retrato
de outrora.
O retrato não chora,
mas guarda segredos.
O que chora são
os tristes olhos
que tenho agora.
Rita Venâncio.