MARCAS DE LINHO


Na despedida, o teu leito em desalinho,
Na cabeceira, lado aos lençóis amassados,
O travesseiro, dos teus cabelos pesados,
Sulcado do tempo, nas marcas do linho.

Tantas as vezes, enquanto dormias,
Eu te cantava baixinho, com medo,
Eu te contava, de todo amor, em segredo,
E para mim tu, inocente, sorrias.

Quanta beleza, me há privado, o destino,
Na lentidão daquelas horas passadas,
Se eu soubesse, eu me eternizava menino...

Para sonhar, com tuas mãos, repousadas,
Sobre meu peito, a silenciar o desatino,
De duvidar, que tu estavas acordada.