LEMBRANÇAS DA MOCIDADE
Férias de fim de ano, no interior,
Na velha casa diante da estrada de ferro
Uma soberba serra circunda em cor
Do verde musgo que me ecoa em berro.
A tardinha os sapos rumorejam,
Fremem as bases quando o trem passa
Pernilongos picam e invejam
O meu degustar daquela doce casa.
Pela manhã, o bolo de fubá,
Uma gentileza trazida por vizinhos,
Tinha gosto do mago maná
Que do céu caía em floquinhos.
A neblina que bailava de manhã,
Inda hoje baila nas minhas lembranças,
Cai da árvore jubilosa uma romã
Com seus laivos rubros de esperanças.
Não sei como elas inda vivem tanto,
Aquelas cenas que dançam em mim,
Cada vez que paro quieto em meu canto,
Vejo essas lembranças, branco de marfim.
Tão remotas são, mais que o dia,
Tanto passam os anos, mais as vejo,
Marcas de um prazer, de uma alegria,
Nunca vão embora como o doce beijo.
E as visões que meu ser invande
São partes da alma, da minha existência,
Dias que vivi em João Monlevade
Fazem do caráter uma permanência.
(YEHORAM)