INIMIGA MEMÓRIA
Num afã de voejar no vento
Exala a lembrança de tua face
Ao trovão agora fomento
De chorar nuvens de enlace.
Mas a memória inimiga minha,
Pelo tilintar daquele sino
Da antiga e tracional igrejinha
Que tu rezavas por um destino.
A cada som de um badalo
A tua voz me ecoava repetida,
Ao longe esbravejara o galo,
O canto da manhã nascida.
Andava eu por saudosas ruas
Sentindo da terra o cheiro,
E por todas aquelas luas
Das noites que fui teu guerreiro.
Então, não sei da natureza,
Ou do que fez a alma fúlgida dela
Que reluz viva a tua beleza
Que absente, vazio da janela.
Inda lembro-me da tua cidade
Da familia outra que me deste
Da longínqua eternidade
Que foi feita do nordeste.
Vi de longe os lugarejos,
Casas pequenas e coqueirais,
A agitação de seus pardejos
Que ceiavam em seus quintais.
Quem te sagrou cunhou meu seio
Com o teu nome, as formas tuas,
Agora me lançaste a um devaneio
Perdido vou por sendas e ruas.
Dor, angústia, até demorou,
Para vós retornei reincidente,
É minha sina, para onde vou,
Vou cumprir pena descontente!
(YEHORAM)