CHEIRO DE MATO
Olhando a campina
Meus olhos entristecem
E o cheiro de mato
Faz-me recordar
Das andanças que eu tinha
Naquelas paragens.
Montado a cavalo
Tocando a boiada
A poeira da estrada
Turvando o olhar
Deixava lembranças
Daquele lugar.
Na cidade pequena
Que era o meu lar,
Ficavam meus filhos
A me esperar,
E a minha amada,
Rainha do lar.
Sentia saudades
Mas a minha sina
Era sair cavalgando
Levando o rebanho.
Era o meu trabalho
Pra dar o sustento
Pra minha família
Motivo da minha alegria!
Seguia pra longe
Levando a boiada
E em cada parada
O cheiro de mato
Fazia doer o meu coração.
A saudade dos meus
Era minha aflição.
E quando voltava
Pra minha casinha
A minha rainha
Vinha me abraçar,
E os meus três filhos
Corriam felizes
Buscando os presentes
Que em cada viagem
Pra eles eu trazia.
Após o descanso
Pegava a viola
E alegre eu cantava
Canções para ela,
A mulher amada!
O tempo passou...
A velhice chegou,
Meus filhos cresceram
Foram pra cidade
E de nós se esqueceram.
Hoje eu e minha amada
Sentados lá na varanda
Sentindo um nó na garganta
Olhamos para o horizonte
Esperando que um dia
Lá, nossos filhos desponte.
E enquanto não voltam,
Ficamos a olhar a campina
Sentindo o cheiro de mato.
E pra sufocar a saudade,
Pego a minha viola
E juntinhos eu e ela,
Cantamos nossa canção,
Um poema em oração!
There Válio – 23-03-2011