Meu Alazão
Muitas lembranças tenho,
e quanta saudade me dá.
Daquela imensa fazenda,
e do tempo em que morei lá.
A casa, era grande e espaçosa,
com várias portas e janelas,
Trincos e fechaduras não haviam,
mas, apenas, simples tramelas.
Pois perigo ali não se corria,
e tranquilamente se dormia,
nas noites calmas e belas.
Ao redor da casa o terreiro
que, até dava gosto de ver.
e, os galos, no galinheiro
cantavam ao amanhecer.
Havia árvores floridas
e uma frondosa paineira.
Diversas espécies de vida,
e sabiás laranjeira.
Aves que voavam em bando,
às vezes se refrescando
nas águas, lá da ribeira.
Logo que o dia raiava,
eu ia para o quintal,
sentia o cheiro da relva,
e depois, ia abrir o curral.
Soltava os bois e as vacas,
para que fossem pastar.
E, ouvia uma corruíra
lá na porteira a cantar.
Em seguida eu retornava,
e rumava pro mangueirão.
alimentava os suinos,
e o meu garboso alazão.
Meu bom e fiel companheiro,
que no dia do padroeiro,
me levava à procissão.
Depois voltava pra casa,
para as ferramentas pegar.
Tomava um gostoso café,
e ia enfim, trabalhar.
Pegava o trilho da roça,
por dentro do bananal.
Levava água na moringa,
e o que comer no bornal.
E quando lá eu chegava,
me punha logo a carpir,
mas de vez em quando eu parava,
para o canto das aves ouvir.
E, só quando o sol se escondia,
o caminho de volta eu fazia,
e vinha contente a sorrir.
Recolhia as reses do pasto,
e ia pro mangueirão,
para prender os suinos
e meu garboso alazão.
Meu bom e fiel companheiro,
que no dia do padroeiro,
me levava à procissão.
Só depois, eu entrava em casa,
e punha a janta pra esquentar.
e, enquanto a janta esquentava,
eu ia então me banhar.
Após o banho tomado,
me sentia mais remoçado
e finalmente, ia jantar.
Depois da janta gostosa,
eu me deitava na preguiçosa,
pra lua então namorar.
E só quando ela se escondia,
e entre as nuvens sumia,
eu me recolhia pra dormir.
Que doce era a minha vida,
naquela fazenda querida!
que um dia cismei de sair.
Para vir morar aqui na cidade,
mas, pra dizer a verdade:
deixei lá meu coração!
e se Deus me ajudar,
para lá hei de voltar
e rever meu alazão.
Meu bom e fiel companheiro,
que no dia do padroeiro,
me levava à procissão.
E quando esse dia chegar,
confesso que, eu vou chorar
de alegria e de emoção.
Ao ver minha terra querida,
que é o meu mundo a minha vida,
e ver de novo meu alazão..
Meu bom e fiel companheiro,
que no dia do padroeiro,
Me levava à procissão!....