MEMÓRIAS DE UM TEATRO
Maria Luiza Bonini
Era um templo sem dono ...
Condenado à pena cruel do abandono
Aquela sala vazia, tal sepulcro, lá jazia
Aos morcegos e daninhos, fez-se moradia
N' um solene e tétrico ambiente, transformada
Tal anciã, por seus ingratos filhos, desprezada
Restou-lhe a companhia dos fantasmas do passado
Do tenor que, a opera, à soprano, com paixão, cantava
Ao belo cisne a encantar com o ballet de suas asas
Como expectador de si mesmo, triste e estagnado
Por detrás da grande máscara, a ele consagrada
Posta-se, tímido, a esconder seu pranto
Tendo como pó, seu derradeiro manto
Assiste a sucumbir, em um só ato
Ao encerrarem _ para sempre _ as cortinas do teatro
São Paulo/Brasil
março/2011
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