RECORRÊNCIA


 Vinha vindo assim tão cansado

vinha de um abril distante

perdido neste folhetim barato

pra que serve a vida de um rato?

Vinha assim desolado e triste

e não havia nenhuma mão

nenhum olhar, nenhum só alento

praquele que não fora nada

e pra morrer buscava morada.

Passaram por ele e nem viram

naquela parada de ônibus

à espera

à deriva.

Passaram por ele e nem viram

menino, como dantes

largado no pó da estrada
 
a velha carroça a sumir...


E não mais correu

olhou apenas

sentença batida

martelo da fatalidade

e foi  repousar em outras paragens

sua alma cansada

se foi sem fazer alarde

e finalmente...

Voou...

               

 ***   Uma pessoa deve ser vista com os olhos desprevenidos para que possamos vislumbrar nela e através da sua humanidade, essa beleza que não pode ser captada  com olhos de escolher entre o fruto bom e o condenado.



Taquara, em 11 de março de 2011.
                           

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 11/03/2011
Reeditado em 11/03/2011
Código do texto: T2841963
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