ALGOZ
Algoz.
Guel Brasil
Hoje a maldade
Fazendo teia,
Veio acusar-me
Do que eu já fiz;
E acabei preso
Num emaranhado
Buscando um jeito
De ser feliz.
Ouvindo gritos
Em meus ouvidos
E vendo as sombras
Do meu passado,
Um manto negro
Cobriu minh’alma
E eu chorei triste
Desesperado.
Colhendo os frutos
Que me norteiam
Magoei os outros
Pelo que fiz,
Lembro das dores
Que eles sentiram
Dores sentidas
Que eu nunca quis.
Quando a tristeza
Desnorteia-me
Corro a esconder-me
Por entre as trovas,
Mas ouço gritos
Vindos de longe
E sufocados
Em suas covas.
A luz mortiça
Da vela ardendo
Quase apagando
No véu da noite,
Chispa fagulhas
Soltas ao vento
E ouço os estalos
Do meu acoite.
Vejo que a sorte
Me presenteia
Com tudo aquilo
Que eu tanto quis,
Não sinto mágoa
De quem me odeia
Nesse inferno
De idéias vis.
As mãos de Deus
Desfaz a trama
E a vida toma
Um novo matiz,
Num fio tão fino
Que a luz prateia
Onde o ser Supremo
É o meu juiz.