MEU SONHO

Meu sonho

O violão fala a cada acorde.

A noite se fadiga de um dia já vencido.

As instituições mergulham nas sombras negras da noite de muitos,

Pois o sol só nasce para poucos.

Poucos que se somam milhares de sem rostos, meros esquecidos,

Deixados para trás em uma luta desigual.

O violão não se cala, não fala, agora geme o meu cântico vestido de roxo e azul.

Não espere a aurora nascer.

Antes disso estou de pé.

Somam-se, aos milhares, as caveiras vivas de nossa mortandade urbana.

Um dado da semana, e dela lágrimas emana dos que se perderam por um momento.

Eu lamento!

Não nego, sempre disse, a calçada é de cimento,

Totalmente imparcial.

Os pés são o bem e o mal.

O violão estala tons que não entendo,

Só sinto que há uma música.

Uma canção distante,

Ela me diz de dias vindouros,

Um desejo,

É bom desejar,

Olhar para o mar,

Aguardar a maré retornar.

Pisar a espuma das águas na beira da praia.

Acreditar que nada é como se apresenta.

Ou é totalmente como dizem.

Lembrar de Lindalice.

Linda Alice!

De seu beijo,

De seu cheiro,

De seu calor,

De seu amor,

De seu encanto.

Que me tira, por vezes, o espanto.

Que me acalma a ira.

Põe fogo à minha pira.

Tragam-me meu sonho!

É bom sonhar enquanto o violão suspira.

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 25/02/2011
Reeditado em 13/11/2016
Código do texto: T2814647
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