As flores da minha rua...se foram

Maria Antônia Canavezi Scapa

Tenho andado, na minha rua todos os dias,

tentando rever as lindas borboletas de antigamente,

das grandes suavemente azuis, amarelas e alaranjadas,

as pequenas dançando em duplas.

Foram-se, ao desprezarmos as misturas de cores,

modernizamos os jardins, cortando os excessos,

das rosas e seus espinhos, aos copos de leite,

margaridas e dálias,

deixando órfãos os beija-flores.

Arrancamos as raízes dos singelos miosótis,

e nem sabemos para onde foram os lírios,

sem as espinheiras não temos os trevos,

morreram as camélias e as begônias.

Nos canteiros já não brotam mais as azedinhas,

nem as hortênsias e petúnias e dos narcisos

e gardênias, não sentimos mais os aromas doces.

Não sei para onde se mudaram as prímulas,

ou se morreram os amores-perfeitos,

foram para vasinhos as graciosas e coloridas violetas,

a açucena hoje é nome famoso.

O jasmim virou perfume, o acônito remédio,

a grades substituíram as trepadeiras,

não se vêem mais, o bailado das minhoquinhas

furiosas as formigas invadiram as casas.

Não sentimos mais

as fragrâncias frescas da primavera,

soberana a grama conquistou o trono,

é a nova rainha das flores,

são seus súditos os sapos verdes e gordos,

ao lado do espantalho plaqueta,

os jardins repletos de ramagens verdes e trêmulas.

saúdam-nos: - bem vindos à um jardim moderno!

Tília Cheirosa
Enviado por Tília Cheirosa em 17/02/2011
Código do texto: T2798464
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