As flores da minha rua...se foram
Maria Antônia Canavezi Scapa
Tenho andado, na minha rua todos os dias,
tentando rever as lindas borboletas de antigamente,
das grandes suavemente azuis, amarelas e alaranjadas,
as pequenas dançando em duplas.
Foram-se, ao desprezarmos as misturas de cores,
modernizamos os jardins, cortando os excessos,
das rosas e seus espinhos, aos copos de leite,
margaridas e dálias,
deixando órfãos os beija-flores.
Arrancamos as raízes dos singelos miosótis,
e nem sabemos para onde foram os lírios,
sem as espinheiras não temos os trevos,
morreram as camélias e as begônias.
Nos canteiros já não brotam mais as azedinhas,
nem as hortênsias e petúnias e dos narcisos
e gardênias, não sentimos mais os aromas doces.
Não sei para onde se mudaram as prímulas,
ou se morreram os amores-perfeitos,
foram para vasinhos as graciosas e coloridas violetas,
a açucena hoje é nome famoso.
O jasmim virou perfume, o acônito remédio,
a grades substituíram as trepadeiras,
não se vêem mais, o bailado das minhoquinhas
furiosas as formigas invadiram as casas.
Não sentimos mais
as fragrâncias frescas da primavera,
soberana a grama conquistou o trono,
é a nova rainha das flores,
são seus súditos os sapos verdes e gordos,
ao lado do espantalho plaqueta,
os jardins repletos de ramagens verdes e trêmulas.
saúdam-nos: - bem vindos à um jardim moderno!