SOMOS UMA COLCHA DE RETALHOS

Antes de sermos colcha fomos uma fazenda

Composta dos mais refinados tecidos

De algodão, de seda... sintético

Tingidos nas mais variadas matizes

Desfragmentaram-nos em pequenos pedaços

Chamando-nos de retalhos

Pensando que com isto nos injuriava

Não! Para nós era elogio

Éramos um grande cesto de cortes de pano

Ali no balaio existíamos individualmente

Se você era um pedaço feio

Para não deixá-la triste, eu idem

Cozeram-nos com fios de ouro

Formamos uma imensa colcha de retalhos

Agora os dois juntinhos... Lindos!

De retalho em retalho... A vida!

Se eu sou o quadradinho da certeza

Você é o lozango da esperança

Somos emendados perfazendo o todo

A compreensão ligada à paciência

A sabedoria colada à experiência

Um elo de paz atado a outro de fé

Abraços atrelados à sorrisos

Alegria enlinhavada à saudade

Somos os desejos construindo os prazeres

Pois você é o amor costurado aos beijos

E eu sou a amizade cerzida à justiça

Se tentarem destruir a colcha

Só conseguirão separarem os pedaços

Onde aparecerão os rasgados e buracos

Restar-nos-ão as lembranças

Da colcha de retalhos

(fevereiro/1984)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 17/02/2011
Reeditado em 17/02/2011
Código do texto: T2797095
Classificação de conteúdo: seguro