A Cigarra

Inseto das sombras,

Que vibra nas árvores.

Que nascem do chão.

Nas veredas do sertão.

Fazendo barulho estridente.

Aos ouvidos da gente.

Anunciando o verão.

Oh, cigarra demente.

Que canta sem parar.

Até desovar.

E depois dormir.

Num sono eterno.

De um desencarne.

Tão fugaz!

Suas ninfas vivem no chão.

Sugando aquelas raízes.

Que alimentam suas entranhas.

Até poder subir ao alto.

Pra cantar.

Dançar e amar.

Depois deixam suas cascas.

Que lembram sua graça.

Naqueles galhos pomposos.

Onde um dia pousou.

Mas, se foi no silêncio.

Deixando aquela saudade.

De nossa mocidade.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 15/02/2011
Reeditado em 16/02/2011
Código do texto: T2794102