A Cigarra
Inseto das sombras,
Que vibra nas árvores.
Que nascem do chão.
Nas veredas do sertão.
Fazendo barulho estridente.
Aos ouvidos da gente.
Anunciando o verão.
Oh, cigarra demente.
Que canta sem parar.
Até desovar.
E depois dormir.
Num sono eterno.
De um desencarne.
Tão fugaz!
Suas ninfas vivem no chão.
Sugando aquelas raízes.
Que alimentam suas entranhas.
Até poder subir ao alto.
Pra cantar.
Dançar e amar.
Depois deixam suas cascas.
Que lembram sua graça.
Naqueles galhos pomposos.
Onde um dia pousou.
Mas, se foi no silêncio.
Deixando aquela saudade.
De nossa mocidade.