A REDE DA VOVÓ
Tac, tac, balança a rede,
Eu deitado tão menino,
Rede presa na parede,
Rede, enreda o destino!
Pendurei os meus sonhos,
Devaneios de criança,
Que tantas vezes tristonhos
De morte sem esperança.
Na casa da minha avó,
Os doces, o caldo, o vinho,
Quando me sentia só,
Lá eu não estava sozinho.
A rede que tanto balança,
Embalando o meu sonhar,
Voejara a minha confiança
No sono da rede embalar.
E se assim menino eu era,
Adultos sem compaixão,
Pois queriam numa esfera
Que eu visse a escuridão.
Era a rede, era o menino,
Era o sonho, era o futuro,
Era a criança, era ladino,
Era precoce e maduro.
Dorme, menino, na rede,
Sonha que eterno é o amor !
Na margem do rio sem sede,
No sonho, encontrara uma flor.
(YEHORAM)