Poeminha singelo de meia tijela

Quando mostrava nos dedos

Minha idade de magia,

Lembro do sol nos brinquedos,

do calor e da alegria

Logo depois que chovia.

Inda trago na lembrança

Os quintais e a vizinhança

E os colos e sobressaltos

Do que quer e não alcança

Em cima dos móveis altos.

Qualquer desobediência

Era um enorme pecado

Despertava impaciência

E um senso de consciência

De ter feito algo de errado.

Quando o assoalho rangia

Quase tudo estremecia

Dentro da cristaleira

Como um susto que arrepia

Correndo na espinha inteira.

A sala era todo um mundo

De paredes com retratos,

A mesa posta com pratos

E o relógio cuco ao fundo

Deixando o tempo profundo.

Já não me encontro se fujo

Do menino que fui antes,

Vestidinho de marujo,

Que ouvia num caramujo

O som de praias distantes.

luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 29/01/2011
Código do texto: T2759817
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