Insuportávelmente Insuportável

Ela queria, com toda a força de todas suas lágrimas perdidas, seguir em frente. Poder olhá-lo e não mais sentir dor; não sentir mais as batidas irregulares de seu coração ao vê-lo, e o terrível vazio dentro de si.

Ela queria, mais do que tudo não se importar, como ele não se importava, com ela ou suas malditas lágrimas; Não o querer como ela o queria; Não chorar como ele sorria.

Ela queria, sim ela queria dizer a ele o quanto o odiava por tê-la feito sofrer, o quão sem coração ele era; Dizer a ele do modo exato como formulara em sua mente todas as noites repousada em seu travesseiro embebido por suas lágrimas, por todos os dias desde que ele se fora. Mas faltava-lhe ódio no coração, coisa que ela não tinha, ela não se rebaixaria ao nível dele.

Ela o amava como nunca amara ninguém em sua vida. Ela o amava mais do que o odiava; mais do que sofria; Mais do que o queria longe.

Ela não suportava o modo perfeito e ludibriante como ele a tratava, pois poucas horas depois ele iria, como sempre fora, e ela o veria nos braços de outras. Mas mesmo assim ele lhe era único, e para ele, ela apenas mais uma.