NÃO DÁ PARA ESQUECER.
NÃO DÁ PARA ESQUECER.
Não dá para esquecer,
Uma infância vivida
Como tantas outras normais
De brincadeiras nas ruas
Nos recreios das escolas
Ou no fundo dos quintais,
De dia sob o Sol escaldante
De noite sob o lampião de gás!
Não dá para esquecer
Como era super legal,
Brincar de bola de gude
Soltar pipa vê o pião rodar
Preparar a bola de meia
Para uma pelada jogar
No chão de terra batida
Ouvindo lá pras tantas
Uma voz suave e querida
Num ultimato gritar.
Havia menino teimoso
Tá na hora de almoçar
Correndo e suado ir para casa
Um banho de cuia tomar.
Não dá para esquecer
Na cidade pequena
A chegada de um circo
Ou uma tourada de arena
Os filmes de cowboys
Nas matinês do cinema!
A caça a formiga tanajura
Antes da trovoada serena
E o Oi cai, cai, tanajura.
Na panela da gordura.
Não dá para esquecer
Feitos de papel o barquinho
De vassoura as pernas de pau
De caixa de papelão o carrinho
Do sabugo da jaca a armadilha
Para pegar um passarinho.
Não dá para esquecer!
Essa infância bem vivida
Onde a Natureza e a criança
Estavam sempre unidas.
E se alguém que a viveu
Tiver a audácia de condená-la
Ou dizer que a esqueceu!
É um adulto muito ingrato
Ou por certo enlouqueceu.
Pois para mim e tantos outros
Foi um privilégio desfrutá-la
Foi um presente de Deus.
Dante Barbosa