Ter lembrança é não ter paz

Quanto tempo faz

eu nem me lembro mais.

Um ano ou dois,

lambranças demais.

Eu lembro quando nos conhecemos,

lembro onde foi e o que fizemos.

Eu lembro de lentes azuis

e sorvetes no verão.

Eu lembro quando terminou

a ninguém mais notou.

Eu lembro que choravas,

me arrependo,

às vezes eu nem me importava.

Tudo passou então,

nunca mais a vi

a não ser num dia aí.

Novas tempestades vem

e quem disse que aprendemos?

Sempre pensamos ter conseguido

mas no fim ainda sim perdemos.

Me visite então, quem sabe,

levante apenas pra almoçar

antes que o mundo acabe.

E se você fosse um oceano,

sim, eu mergulharia

e diria o quanto te amo.

Mas bem longe você estaria.

Pois há mais,

muito mais,

oceanos,

entre nós.

Eu lembro que a ví,

um forte abraço senti.

Servi,

vivi,

perdi.

São chamas vermelhas,

ardendo tanto quanto agosto,

lembranças, paz.

As duas juntas são incapaz.

Você lembra que eu escrevi...

lembras não é?

Eu sei, seguisses teu caminho,

mas não esqueças, não de mim

não do que fosses pra mim,

não do fim.

Eu parti.

Eu lembro, as lágrimas marcaram

o chão da estação.

Mas agora, apenas em coração.

Eu sei não foi tudo,

e nem será.

Tenho muitas memórias

e poucas linhas.

E é por isso,

que aqui termino.