CORAÇÃO DE BEDUÍNO
Sou árabe, beduino,
do deserto, o siroco,
mero cidadão palestino
conhecido como um louco,
com loucuras de menino.
Caido inocente no poço,
salvo ingênuo pelo irmão,
segurado pela mão
estendida de um moço.
Quem sou? Não o sabes!
Nem eu vou dizer que o sei,
uma caravana desses árabes
trazem mercadorias do seu rei.
Só conheci areias amarelas,
as vermelhas montanhas
pequeninas janelas
de tendas estranhas.
Meu transporte, o camelo,
a água que tiro do poço,
bebo e lavo o meu cabelo
neste deserto de alvoroço.
Numa tempestade de areia,
enleado fico em meu pálio
que diante de mim serpenteia
o vento Nume solitário.
Neste quadro pitoresco,
um oásis, frondosas palmeiras,
nisso vejo tão burlesco:
O lago fresco rindo de asneiras.
E no deserto, a noite as escuras,
iluminada pela branca lua,
gritam as estrelas lá das alturas:
Saiba que o amor é coisa tua!
E no peito levo um amor,
olhos que saltam do seu véu,
corpo tão coberto em calor,
apenas se revelam dois olhos de mel.
E quem sou, se não beduíno?
Desde os meus tempos de menino
ainda vivo nesta tépida aridez
onde de saudade chora por sua vez.
(YEHORAM)