Harmonia da valsa triste
A bela harmonia da valsa triste
Padecia em tons cada vez mais leves
Calmos e inesperados pendiam
Emoções transparentes
Cadências livres
Agitava o corpo densamente sóbrio
E girava em torno do mesmo círculo
Taças de vinho tinto tilintavam
E apressavam-se e precipitavam-se
Em poucos instantes de insanidade
Bailava, soltava a alma
Esquecia que estava de mãos dadas
Entregando a algum êxtase escondido
Bravo, quente e palpitante
Quando o sangue vinha-lhe à face
Os cabelos soltos cobriam o rosto
Em cada giro em cada grito
A alma enchia-se em liberdade serena
Nos mesmos tempos pisava forte
Queria de todo o prazer
Vibrava, os olhos brilhavam
Tremia, seus pelos arrepiavam-se
Cobria de gestos inocentes
Complexos, não significativos
Deixava-se ver pela primeira vez
Doce e paradoxalmente forte como mulher