Taças sangrando
Hoje eu acordei tão obcecado
Parecia ouvir tua voz chamando por mim
Na sala ainda estavam os restos de uma sessão de cinema
Na cozinha duas taças sangrando do vinho que nos testemunhou
As suas roupas jogadas ao chão
E no meu coração
As marcas da nossa noite de amor
O perfume do seu corpo ainda latente
O cheiro de teu corpo tão, tão presente
E eu buscando você, ébrio, sofrível tormento
Triste lamento
Covarde dor
Na lembrança da noite em que a chuva caia
E sob o calor da lareira nossos corpos se deram sem paúra
E sob o manto da ternura,
teus lábios toquei como se toca uma flor
E nas minhas assimétricas poesias
Te achei no centro da minha emoção
E em cada verso me perdi
Em lágrimas de saudade e frustação.
Hoje estou aqui, diante de seu túmulo
As flores que você gostava ....
As flores que você gostava....
Bem, estão ai...
Não tenho nem palavras para te dizer
Mas outro dia desses estávamos juntos
Estávamos juntos, mas o destino nos rompeu
E agora que você morreu
Com você morreu parte de mim também
E a melhor parte que eu tinha se foi
Se foi....
Se foi.....
Mas querida, querida, ainda vou estar aqui
E onde quer que eu vá você sempre estará em meu eu
Eu...
E as taças que sangram, sãos meus olhos que choram tua perda
E as roupas jogadas ao chão, são meus sonhos que se perderam sem você
E na sessão de cinema, um fim trágico pôs um ponto em nossa história
A minha flôr se foi,
Mas jamais tirarão de mim a primavera
O inverno de minha alma chegou
Mas jamais me deixarei viver esse frio que me abate agora
Porque no calor desse devocionado amor
Estarei aqui
Eu....
Para sempre...
Com amor...