INFÂNCIA
Corre o moleque feliz
Pra encontrar de novo
A casinha velha da vovó.
O moleque voa...
O moleque sonha...
O moleque soa o tom alegre de sua infância.
Sobre a rua pé de moleque
Ele passeia serelepe.
-corre, corre Tem manga!
Manga novinha do quintal da vó Eulália.
Quando lá fora,
vovô carrega-o no calango.
Cadeira dura do calango
Feita pelo vô Vicente.
Saudosa Raul soares
De tempos meus de infância.
No velho banco de madeira
Plantado no passeio de barro,
Ali do outro lado da ruela,
Proseiam duas distintas senhoras.
O menino curioso, como toda criança
A descobrir o mundo, pergunta:
- O que é isso?
- É rapé menino, limpa as narinas, você quer?
- Mas só um pouquinho criança não pode.
(Explica a outra senhora).
O menino toma em mãos um bocado,
Contamos um, dois, três...
Espirra tudo que ainda sobrava no nariz do moleque.
As senhoras se desmancham a gargalhar...
O moleque não entende nada.
As senhoras, as tias do menino.
Porque foi assim que a mamãe ensinou.
- Pessoa mais velha que você, diz-se tio ou tia.
- Antes de dormir tem que rezar,
reza padre nosso e a ave Maria.
- Não pode ver televisão deitado, você vai ficar zarolho.
- Quem comer semente de laranja,vai
Nascer um pé de laranja dentro da barriga dele.
Ah, infância! Como brilhas
Em meus pensamentos.
Brilhas como o ouro,
Valiosa e bela.
Tempos de outrora
Que eu não os tenho mais.
Não mais me pertence, mas,
Aos meus filhos e netos.
Daquele tempo a lembrança
De quando tudo era grande.
Era tudo brincadeira de criança.