Negro Nagô

Meu grito é a minha razão!
Sou NEGRO NAGÔ!
Fui dilacerado sem perdão
Fui amarrado no tronco
Fui chicoteado no lombo
Um mago, um bronco...
Muito comi no tacho
Pelos matos, pelo riacho
Corri, fugi para o quilombo...
Sou negro porque sou!
Preto de verdade!
Que vibrem atabaques e agogô!
Nas entranhas,
Guardo mágoas e dor
Ferido e mudo por crueldade
Fiz da vontade a Lei, a artimanha
A cor é a minha reserva
Minha maior idade é a vida
Corrida, sofrida, superior!
Sou escravo da terra
Que restou!
Aqui eu fui, aqui eu sou...
Senhor! Senhor!
Eu fui Rei, hoje Embaixador...
Meu grito é o meu canto
Canto o que sou:
Preto, escravo, negro ou nagô.
Minha voz é bela...
Minha pátria é distante...
Se às vezes sonho com ela
É porque ainda sinto o seu pranto...


Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 15/11/2010
Reeditado em 27/12/2011
Código do texto: T2616805
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