Infância
Que saudade da infância...
Dos quiosques, do passeio,
Da Igreja, bem no meio
Da pracinha... Que exuberância!
Ah! Que saudade que me dá
Das histórias e fuxicos
Contados depois das cinco
Pelas madamas de lá.
Havia duas quermesses,
Onde as crianças brincavam,
Quando a noite caia em preces
Na Igreja, os velhos oravam...
Com o meu tio, Manezinho,
Ficava uma, onde a luz batia.
O de D’oum ficava no escurinho...
Só usado por Tarcila, minha tia.
Nas festas de Conceição,
Juntavam-se os fervorosos
Que as mantinham em união
Com lautos enfeites, suntuosos.
Ah! Ia me esquecendo do banco...
Era todo de cimento, como verniz.
À noite, em lua cheia, era branco.
Para uma soneca, era chamariz.
Minha tia punha uma almofada
E sentava... Quem vinha tinha o seu lado.
Pronto! A história começava.
O dia havia acabado...
Quando não era no banco
A conversa era no passeio...
Sempre havia um papo franco,
Ou uma ladainha de entremeio...
Lembro bem de um cruzeiro
Com os dois bancos ao seu lado.
Das quermesses, do mamoeiro,
Da palmeira e de como fui criado.
Corria pelas pastagens afora
Dos coqueiros eu fui amigo
Nas mangueiras eu esperava a hora
Cajueiros, rios, mares, fontes, sigo...
Sigo por estradas invisíveis
Por caminho não caminhado
Sonhos tão impossíveis
E um retorno malfadado.
Eu me lembro daquele tempo de criança
Com saudades, mas muito ressentimento.
Lembro que tinha medo e esperança
Mas queria vencer o meu sofrimento.
Vem à mente: o velho rádio ligado
O meu tio, cheio de pose, olha...
O povo feliz, embasbacado,
Esperando chegar a hora.
Amontoados na janela
Para ouvir o Repórter Esso
Sentiam que o progresso
Era obra da Quimera.
Enquanto isso, na outra casa:
Sofrimentos, pobreza e agonia.
Embora, dona de terra, mamãe era escrava...
A fome, dura inimiga, era toda, todo dia.
Por isso, quando me recordo dos dias;
Daquele tempo infame.
Prefiro esquecer o meu nome
E rezar dez Ave-Marias!
Mesmo assim, eu agradeço
Àquele tempo passado,
Pois, por ter por ele grande apreço
Hoje me reconheço
E sou seu afilhado.
Que saudade da infância...
Dos quiosques, do passeio,
Da Igreja, bem no meio
Da pracinha... Que exuberância!
Ah! Que saudade que me dá
Das histórias e fuxicos
Contados depois das cinco
Pelas madamas de lá.
Havia duas quermesses,
Onde as crianças brincavam,
Quando a noite caia em preces
Na Igreja, os velhos oravam...
Com o meu tio, Manezinho,
Ficava uma, onde a luz batia.
O de D’oum ficava no escurinho...
Só usado por Tarcila, minha tia.
Nas festas de Conceição,
Juntavam-se os fervorosos
Que as mantinham em união
Com lautos enfeites, suntuosos.
Ah! Ia me esquecendo do banco...
Era todo de cimento, como verniz.
À noite, em lua cheia, era branco.
Para uma soneca, era chamariz.
Minha tia punha uma almofada
E sentava... Quem vinha tinha o seu lado.
Pronto! A história começava.
O dia havia acabado...
Quando não era no banco
A conversa era no passeio...
Sempre havia um papo franco,
Ou uma ladainha de entremeio...
Lembro bem de um cruzeiro
Com os dois bancos ao seu lado.
Das quermesses, do mamoeiro,
Da palmeira e de como fui criado.
Corria pelas pastagens afora
Dos coqueiros eu fui amigo
Nas mangueiras eu esperava a hora
Cajueiros, rios, mares, fontes, sigo...
Sigo por estradas invisíveis
Por caminho não caminhado
Sonhos tão impossíveis
E um retorno malfadado.
Eu me lembro daquele tempo de criança
Com saudades, mas muito ressentimento.
Lembro que tinha medo e esperança
Mas queria vencer o meu sofrimento.
Vem à mente: o velho rádio ligado
O meu tio, cheio de pose, olha...
O povo feliz, embasbacado,
Esperando chegar a hora.
Amontoados na janela
Para ouvir o Repórter Esso
Sentiam que o progresso
Era obra da Quimera.
Enquanto isso, na outra casa:
Sofrimentos, pobreza e agonia.
Embora, dona de terra, mamãe era escrava...
A fome, dura inimiga, era toda, todo dia.
Por isso, quando me recordo dos dias;
Daquele tempo infame.
Prefiro esquecer o meu nome
E rezar dez Ave-Marias!
Mesmo assim, eu agradeço
Àquele tempo passado,
Pois, por ter por ele grande apreço
Hoje me reconheço
E sou seu afilhado.