A Poesia flutua no ar

Um dia eu olhei para o céu (que fazia parte do meu dia, como fazia parte a terra) e eu vi as folhas dos cafezais suspensas no ar (que era puro como a água) por momentos em redemoinhos (como que misturando o tempo e a vida) elas eram levadas pelo vento (que se move adiante sem olhar para traz)

Era o vento do inverno rigoroso (das geadas feito cristais)

Do sol encantador (encobertando de ouro todas as cores da natureza)

Das noites estreladas (as estrelas ao alcance de nossas mãos).

Da chapa do fogo à lenha (aquecíamos o corpo, a comida e a alma)

O colchão de palha do milho (aquele cozido e comido sob a sombra da cerejeira)

A noite que naquele tempo era escura (trazia os assombros da imaginação)

O dia seguinte era esperado com emoção (nunca era igual, mesmo sendo apenas outro dia)

Havia uma magia naqueles tempos

As pessoas se visitavam e as novidades eram contadas pessoalmente

Os olhos que ouviam brilhavam, as vozes que falavam embargavam

Os abraços eram acompanhados de lágrimas, que fluiam ao natural.

As pessoas sentavam à mesa educadamente e a reza que era para agradecer a comida se tornava uma benção para viver cada dia.

O silêncio demostrava o respeito e as risadas a liberdade de um convívio feliz.

E se conversava sentado nas varandas, em frente as ruas onde circulavam as pessoas que se cumprimentavam.

É ...o tempo passou.

Mas ainda é gostoso saber que vivemos naqueles tempos em que os chinelos nunca ficavam virados para cima.

- E se orássemos novamente?

- E se nossos olhos brilhassem novamente?

- E se tirássemos este medo de viver as emoções?

- E se esperássemos o amanhã como uma benção de Deus?

Robertson
Enviado por Robertson em 05/11/2010
Reeditado em 05/11/2010
Código do texto: T2598134