Ì N T E G R O
Meu objetivo em transcrever aqui uma das mais lindas Poesias de Lino Villachá é para homenajeá-lo, recordá-lo e mostrá-lo às pessoas sensíveis do Recanto das Letras. Ele viveu e tratou sua doença no Hospital São Julião aqui em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde morreu e seu corpo repousa bem próximo das raízes de uma árvore.....
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Algumas gotas da poesia de primeira grandeza, confirmando a imortalidade dos Poetas, como foi (é) Lino Villachá.
“Gostaria que repousasse o pouco que restou de
meus andrajos humanos debaixo de uma árvore
do São Julião, bem perto de suas raízes, para
que eu receba por elas o frêmito de felicidade
das folhas ao vento e o cheiro do amanhecer...”
• 15/8/1938 + 9/7/1994
ÍNTEGRO
A maré da vida
Trouxe este monstro
invisível que me persegue,
noite e dia,
reduzindo-me a farrapo humano.
Quando o quis afastar,
esmagou-me as mãos,
quando quis correr,
ceifou-me as pernas...
Cercou-me os caminhos,
mas sempre encontrei
uma brecha por onde passar
com o que me resta
e, ainda que eu seja
neste mar de sofrimento
apenas uma concha no fundo,
farei desta dor
uma pérola para o mundo.
Não quero gritar,
não amaldiçoarei
quem me humilhou,
ou teve pena de mim.
Meus amigos
são a minha força.
E a luz de Deus cobre-me de graça
e me enriquece de amor e fé,
por isso me sinto completo,
mesmo faltando-me tudo...