O medo que trago na lembrança
De todas as lembranças amargas que trago da vida
A pior de todas elas é de quando eu tive medo.
Eu tive medo de dizer o que queria e esse querer vive ainda
Sem poder, no entanto, acontecer
Como um feto que jamais irá nascer
Tive medo de fazer o que deveria
E por isso sou um eterno devedor a mim mesmo
Chorando e cobrando todos os dias a mesma dívida
Tive medo de alguém que me amava,
Mas abracei-me com quem me tinha ódio
Por medo também tentei medir meu amor
A palavra silenciou por medo
O medo do berro, o medo do erro
Eis que agora é o erro quem berra na consciência
Hoje choro o pranto dos ridículos
Pois certo estou de que sou o maior deles
Simplesmente por ter tido medo de ser ridículo.