COMPANHEIRA MUDA
Madrugada fria,
caía a lua de tristeza,
rua vazia
e dá aquela moleza na alma,
quando vem a melancolia
para ditar as regras
do seu dia.
Madrugada fria,
não tem ninguém,
aquela inquestionável calmaria
toma conta das luzes
se revela ao bom-dia,
e nada de novo acontece
às estrelas que o Céu varria.
Madrugada fria,
não tinha cão pela avenida, não havia.
Não tinha carro nas fábricas
nem motos na rodovia.
Somente o gari
que a sujeira varria.
Madrugada fria,
não tem ninguém,
a temperatura não varia,
não tinha emoção:
nem dor nem alegria.
E na madrugada fria
minha cama vazia
no coração a saudade
que batia de estar com você.
A madrugada fria
passava,
silenciava,
e começava um novo dia.
INVITÁCION. Edinaldo Formiga. São Paulo: 21/10/10.