Poema para Manuel Bandeira
Em verdade,
o que morreu contigo, não sei...
De fato, não sei...
Não sinto...
Terá sido aquele menino que avistaste
(diante do teu espelho?
Terá sido teu quarto voltado para
(o nascente?
teu beco?
Não sei...
Terá sido teu Recife? Tua rua? Teu avô?
a casa – impregnada de eternidade –
(do teu avô?
Terá sido o sofrimento tísico de teus pulmões?
ou a tua vida solitária
e cheia de limitações?
Não sei...
De fato, não sei...
Não sinto...
O que sei e o que sinto é desse veneno
correndo quente em minh’alma, uivando
nos altos das minhas noites tão solitárias
(e tão frias,
de sortilégios...
de encantamentos...
Foste tu, em toda tua vida, tão distante
de mim, ó alma monstruosa de escuridão
(e rutilância
chamada (simplesmente) Manuel...
que eu, pobre alma esquecida no mundo, sou
felicíssimo de te ter em mim, pelo fruto
da esperança, a inspiração de um poema
(despretensioso...
em tua homenagem, hoje, dia 13.
(Obrigado, Manuel, pela tua companhia...)