A PINGA E A PIMENTA

Boa comida que se preze

Nos faz sair da mesa

Com pesar de não poder

Mais um bocado comer.

E como um bom mineiro

Tenho esse pesar todo dia

A patroa faz boa comida

Dá gosto suas iguarias.

O dia em que temos angu à mesa

Frango caldeado ou vaca atolada

Até mesmo um bom caldo de fava

Tudo fica melhor se apimentada.

Pimenta vermelha, rosada

Branca, roxinha ou cumari

Bode, biquinho ou godê

Malagueta e dedo de moça.

Dá diferença em qualquer refeição

Um ardidinho de bem querer

Trás um paladar mui agradável

Um sabor que não deixa esquecer.

Em tempos de frio ela esquenta

Para outros a mágoa acalenta

E pra mim ela abre o apetite

Na hora de comer o que é bom

Falo de cachaça, a pinga “marvada”

Branquinha, água ardente de cana

Água que passarinho não bebe

Vários nomes dão quem a ama.

Um cheirinho que agrada

Até mesmo que não a bebe

E um sabor que nem se fala

Abre o apetite e relaxa.

Mas sorve-la exige cuidado

Porque uma vez embriagado

Ela perde todo seu encanto

Em vez de prazer traz quebranto.

Em poucas dosagens é remédio

Alegra, anima e desemburra

Apura o paladar de quem degusta

Da mais simples à grã-fina iguaria.

“Quemorzinho” na garganta desce

Bebida pura que sorvida atiça

A barriga com “fominha” manhosa

Apetite gostoso que vem na dose.

Qualquer refeição complementam

Estas duas boas companhias

Por isso tenho sempre comigo

A pimenta e uma boa caninha.

Gleisson Melo
Enviado por Gleisson Melo em 06/10/2010
Reeditado em 18/09/2022
Código do texto: T2541421
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