Meu sabiá
Ai, meu sabiá cantava
Nas tardes de solidão
No pé de laranja lima
Despejava uma canção.
Cantava meu sabiá
Livre, solto, como o vento
Sem se importar com o tempo
Ou meus sonhos de menino
Embevecido escutava
Meu homem adormecido
Tão pouco tempo vivido
Dentro do meu próprio eu.
Meu sabiá foi embora
Nunca mais ouvi seu canto
Meu menino como encanto
Também só, me abandonou.
Foi assim sem que eu soubesse
Prenderam meu sabiá
O homem em mim também soube
Prender o menino por lá
Já não há canção alegre
No bico do sabiá
Não há audível sentido
Do menino a escutar