Pai, meu velho pai

Quando percebo
Em teu corpo
As marcas deixadas pelo tempo
Tenho vontade de acolher-te

Quando contesto
A tua falta de mudança
Apesar da longa caminhada
Tenho vontade de esquecer-te

Quando não entendo
Meus sentimentos:
É amor, mágoas ou esperança
De um dia entender-te?

Quando espero
A bondade do tempo
Para ainda nos conceder uma chance,
Mas sei que o tempo urgi
E já é curto para nossa história

Quando sinto vontade de te abraçar
Falar eu te amo, talvez,
Sinto-me incapaz
Pode ser que não aprendi como se faz

Quando observo o meu velho pai
Vejo que aquelas mãos fortes
Agora já trêmulas,
Não trabalham como antes,
Isso aperta o coração

O nosso relacionamento
Podia ter sido diferente
Acredito no amor que a gente sente
Mas simplesmente não aprendemos a dar

E hoje quando olho para trás
Como uma criança, tenho vontade de chorar
Quando olho para frente, encho-me de esperança
Quero pegar em tuas mãos para poder continuar...
Adriana Gamelas
Enviado por Adriana Gamelas em 02/09/2010
Reeditado em 02/09/2010
Código do texto: T2474021