Recordações
Recordo-me com tristeza e lágrimas nos olhos de toda dor sofrida.
Recordo-me com angústia, de todo esse sofrimento filho da puta.
Recordo-me do chão, do lodo, do engodo e da tapeação.
Recordo-me de todas violências sofridas.
E de todas as injustiças experimentadas.
Recordo-me dessa raiva engessada na alma.
Dessa dor enraízada na alma.
São tantos os espinhos.
Tanto sangue jorrado.
Muitos litros de lágrimas.
Tudo em nome do que sempre senti e sinto.
Tudo em nome do que sempre fui e desejo continuar sendo.
Recordo-me de minha luta solitária contra o vento e contra a maré.
Maré que nunca conheci, mas sempre vivenciei.
Minha estrada é a dor.
Meu mundo é feito de lágrimas.
Minha força está sempre em cair e levantar sempre.
Eu sou o que sou e sempre fui.
E de tudo que mais me recordo, me recordo daquela puta dor, que mesmo me rasgando por dentro, me fez ser o que sou e ter a força de me levantar.
E eu me levanto perante as injustiças impostas a minha pessoa.
Me levanto contra o preconceito e a discriminação.
Me levanto contra o conformismo, a inércia e a omissão.
Sim, eu me recordo de minhas fraquezas.
Pois, elas também me fortalecem e me enobrecem.
Pois, que é assumindo as fragilidades que construimos nossa força para lutar contra elas.
E no final somos feitos disso: força e fraqueza.
Somos lutas, dor, momentos.
Momentos que ficam no presente, no passado e no futuro.
Momentos que perduram e persistem nas mais variadas recordações.