AI DE MIM

Fico a olhar o poente

Enquanto o tempo vai passando

Sem raiva nem ressentimento

Num rio de memórias me vou afundando.

Nesta página saudosa lembro de mim

Agora neste tempo me consumo

Tocam os sinos sem fim

Já vou perdendo meu rumo.

Envelhecem as palavras e eu também

Murmuro-as em forma de queixa

Já dizia minha mãe

Deixa flha, deixa!

Verás, quando chegares à minha idade

Que mais um dia de vida é milagre!

Assim hoje é mais um dia que em mim morre

Mais uma perda que me dá saudade

E neste manto de palavras que aqui corre

Digo tal como tu mãe, hoje foi mais um milagre.

E agora depois de ter anoitecido

Guardo um segredo que não confesso

Hoje, passou mais um dia, dia perdido

Diria que não o soube amar!?

Mas a Deus mais um dia peço.

rosafogo

natalia nuno