A carta que nunca foi lida

Bilhete que um dia escrevi

Era a minha primeira poesia

Foi ficando tempos por ali

Minutos, horas, dia após dia

Doses sutis de inédito carinho

Guardadas em um envelope rosa

Desejavam que aquele bilhetinho

Seduzisse minha vizinha formosa

Inocente poema onde me declarava

Depois de longo tempo pensando

Dizendo pra ela como a admirava

Confessando que a estava amando

Mas veio uma inesperada surpresa

Dessas que não se imagina na vida

Nunca mais vi minha bela princesa

Enquanto a carta jamais foi lida

Não demorou muito que eu soubesse

Que daquela casa ela havia mudado

Foi quando desejei que eu tivesse

Asas fortes ou um coração alado

E como se já não fosse o bastante

Um dia a casa amanheceu em chamas

Vi ainda o envelope pendendo no barbante

Queimando junto às minhas tramas

Harock
Enviado por Harock em 12/08/2010
Reeditado em 08/09/2015
Código do texto: T2433841
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