A carta que nunca foi lida
Bilhete que um dia escrevi
Era a minha primeira poesia
Foi ficando tempos por ali
Minutos, horas, dia após dia
Doses sutis de inédito carinho
Guardadas em um envelope rosa
Desejavam que aquele bilhetinho
Seduzisse minha vizinha formosa
Inocente poema onde me declarava
Depois de longo tempo pensando
Dizendo pra ela como a admirava
Confessando que a estava amando
Mas veio uma inesperada surpresa
Dessas que não se imagina na vida
Nunca mais vi minha bela princesa
Enquanto a carta jamais foi lida
Não demorou muito que eu soubesse
Que daquela casa ela havia mudado
Foi quando desejei que eu tivesse
Asas fortes ou um coração alado
E como se já não fosse o bastante
Um dia a casa amanheceu em chamas
Vi ainda o envelope pendendo no barbante
Queimando junto às minhas tramas