Recordações de Mãe
Lembro-me de ti, filho meu.
Quando embalado em meus braços,
Acariciado em ternos laços
De amor, tive que te dizer adeus.
Sei que a morte não existe.
Porém, aterrorizada fiquei,
Quando as mãos pelo teu rosto eu passei,
Afagando o teu semblante triste.
Na noite de agonia
Velei-te dentro do peito...
Um culto e o respeito,
Não diminuíram a dor daquele dia.
Hoje estás na Terra
E eu no Além...
Nos braços de outro alguém,
Vives os sonhos de uma aquarela...
Com a situação agora inversa,
Percebo que a tal partida
Faz parte da própria vida,
Pois a alma volta para a carne, imersa...
Quero afagar-te como antes.
Tu és o meu tesouro divino.
Tu ainda és o meu menino
E eu a tua protetora vigilante.
Do livro: Palavras Que Falam, pg. 190 - Scortecci Editora
Antologia de Poesias, Contos e Crônicas (diversos autores)