MEU SERTÃO

Quem ainda não conhece,

Como é o dia em meu torrão,

Com certeza não imagina,

Como é belo o meu sertão...

O sol nascendo entre os montes,

As tintas pintam o nascer do dia,

Os pássaros alinham sua plumagem,

Sacudindo o orvalho que caia...

Assim o ciclo do dia inicia,

O galo entoa o seu canto triunfal,

O sabiá na laranjeira faz a festa,

Da cozinha sinto o aroma matinal...

O queijo e a coalhada na tigela,

O mel de abelha com o bolo de fubá,

O pão caseiro com manteiga e leite fresco,

E o doce feito com as frutas do pomar...

O gado no curral é apartado,

O porco come a lavagem no chiqueiro,

O galo arrasta as asas pras galinhas,

E o cachorro corre latindo no terreiro...

Logo mais o calor toma de conta,

Os adultos vão pra roça trabalhar,

As crianças vão ao riacho tomar banho,

O vovô pega o caniço pra pescar...

O machado corta a lenha pro fogão,

As mulheres trabalham sem alvoroço,

Logo mais o sino toca, é o sinal,

Que é chegada a boa hora do almoço...

A imagem voa livre em minha mente,

Lembro-me agora a beleza desta mesa,

Todos servem o alimento sem demora,

Comem com gosto as delícias sertanejas...

O arroz e o feijão com caldo grosso,

Frango cozido, a farinha e a pimenta,

As verduras e os legumes lá da horta,

É o prato simples que o caboclo se alimenta...

A tarde chega e todos voltam ao trabalho,

O vento varre as folhas secas do quintal,

O curió lá na campina afina o canto,

Reunindo a trupe da orquestra Divinal...

O sol se deita e avermelha o horizonte,

O frango voa se ajeitando no poleiro,

O sertanejo chega suado e cansado,

Dever cumprido trabalhou o dia inteiro...

Após o banho, a mesa é posta novamente,

Todos se juntam e falam tudo o que passou,

O cheiro gostoso exalando das panelas,

É a fartura do almoço que sobrou...

A lua clara surge como um candeeiro,

As prosas fartas fazem todo mundo rir,

O sono chega cada um sai de fininho,

Buscando o leito, pois é hora de dormir...

Assim é o dia bem vivido simplesmente,

Nas cidades tem até mais diversão,

Não tenho inveja de quem vive diferente,

Eu vivo simples de sandálias e pés no chão,

Colhendo o fruto se plantei boa semente,

Dobro os joelhos e rogo a DEUS pelo SERTÃO!!!

ANSELMO FERNANDES
Enviado por ANSELMO FERNANDES em 30/07/2010
Reeditado em 22/05/2019
Código do texto: T2409295
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