Fiando a Vida

Olhos nas costas, não falarei de coisas futuras,
Observando com o coração, vejo tudo passado,
Tão estaticamente relaxado, descompromissado,
com água na boca, memoro singelas travessuras!

Infância, colorido algodão doce, sem amarguras,
Estripulias de mãe de pega, do marcha soldado,
Descalças peladas, bola de gude no chão batido,
Nas copas das árvores trepado, vivia nas alturas!

Festas com coloridos balões, bolos com coberturas,
Sal no pão com banha, fumaçava o gostoso pingado,
Nas mordidas sempre afoitas, na caneca um bicado,
Vovó e mamãe nos brindaram com seletas gostosuras!

Havia amor que suplantava a carência de estruturas,
Pela manhã, com as mãos em oração, era abençoado,
Com o avental branquinho seguia para o aprendizado,
O respeito e a gentileza vi e vivi, as primeiras mesuras!

A vida é um tecido que bem antes de se usar as tesouras,
Imagina-se o corte, uma saia rodada, um terno frisado,
E quanta sorte, quando por hábeis mãos, se é bem fiado,
Um corte sob medida, de poucas sobras, de fortes costuras!
Geraldo Mattozo
Enviado por Geraldo Mattozo em 26/07/2010
Reeditado em 23/12/2016
Código do texto: T2400727
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