História de Um Jovem

De que adianta tanta força

Se os meus instintos selvagens

Arrancam-me da vida moça.

Quanta vida fora imagens

Que guardo em mim de propósito.

Se não peço, à morte, clemência

É porque sou teimoso e frouxo...

De coisas que alguns se orgulham

Eu me abstraio e faço-me obnóxio,

Guardo piedade e decência.

Sou um homem de pena, sou coxo!

Oh! Timidez. Em mim pululam

Introversões e decadência.

Quando jovem, a rebeldia

Às vezes me fazia senhor,

O orgulho me fazia doutor...

E eu, nobre, ao mundo pedia

Passagem para o menino

Franzino, com ar de arremedo,

Com medo do medo, segredo...

Oh! Vida que me arrancava

Das entranhas, do fim do mundo...

Trouxeste-me cá, à metrópole,

Compraste-me com tuas almas

Ocultas, incultas e belas...

Na passarela, eu com asas

Brancas, voava, e esquecia

De onde vinha, pra onde ia...

Mas os meus instintos diziam:

Foram as fábulas... Acrópole!

E eu sozinho: fala... fala!

Quantas vezes eu pedi: apela!

Ninguém me ouviu, e ninguém

Me pediu: volta, vá de volta.

Abre tua porta, abre a comporta

E deixa passar a vontade.

Conhece tua cara metade

E retorna à liberdade.

Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 17/07/2010
Código do texto: T2383356
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