O Banho
Dos sais minerais, puro zelo
Que banham um corpo donzelo
Por tão venerável apelo
Um banho se faça singelo.
Aqui faço, em seguida,
A mais breve e refletida,
Oportuna e sólida promessa:
Não olhar, inda que peça!
De lado, só um pouquinho,
Deixo cair a máscara, e de soslaio
Olho com olhar de carinho
O que no banho sou um lacaio.
E a donzela guarnecida
Por longos laços de fitas
Mostra-se enternecida
Pelas águas mornas, infinitas.
E mesmo que aquecida
Coberta por braços e plumas
Banhos de claras espumas
Traz um frescor suicida.
Morro nos meus tormentos
Na longa noite vazia
Enquanto eu matava o tempo
A mim, ela esquecia.
Morrem seus fartos favores
Cai o pano do quarto
As cortinas fecham-se com louvores
Dança um corpo já farto
Sacia-se uma fera malvada
Chora e geme por nada
Enterra-se um amor varejista
Apaga-se o amor anarquista
Acaba-se um gozar repentista
É o fim de uma vida de artista.
Dos sais minerais, puro zelo
Que banham um corpo donzelo
Por tão venerável apelo
Um banho se faça singelo.
Aqui faço, em seguida,
A mais breve e refletida,
Oportuna e sólida promessa:
Não olhar, inda que peça!
De lado, só um pouquinho,
Deixo cair a máscara, e de soslaio
Olho com olhar de carinho
O que no banho sou um lacaio.
E a donzela guarnecida
Por longos laços de fitas
Mostra-se enternecida
Pelas águas mornas, infinitas.
E mesmo que aquecida
Coberta por braços e plumas
Banhos de claras espumas
Traz um frescor suicida.
Morro nos meus tormentos
Na longa noite vazia
Enquanto eu matava o tempo
A mim, ela esquecia.
Morrem seus fartos favores
Cai o pano do quarto
As cortinas fecham-se com louvores
Dança um corpo já farto
Sacia-se uma fera malvada
Chora e geme por nada
Enterra-se um amor varejista
Apaga-se o amor anarquista
Acaba-se um gozar repentista
É o fim de uma vida de artista.