O uivo...
Acordei de manhã, com o uivo zunindo em meu ser.
Fiquei tão estranha com aquele som...
Ele fazia valer seu apelo, e uivava desconcertantemente...
Só cessando ao meio-dia, ele introduzira um martirio.
O martirio da saudade, da recordação, da fuga...
E depois a tardinha ele voltou a lamentar-se...
Com seus uivos, estridentes e melancólicos...
Eu sentada na beira da minha escrivaninha...
Não podia mais ignorá-lo, aliás enaltecê-lo
Era agora mais que um dever...
Afinal, sem o vento, o que seria de nós..
Humanos, seríamos, nada...
Não teríamos nem existência...
Já que não haveria atmosfera...e ar.
Poeticamente, o uivo é tradutor...
Da quimera, e da amargurante...e misteriosa...origem de tudo.