meu endereço

o lugar aonde eu moro
não tem rua asfaltada
e quem quiser me visitar
desde já vou avisar
que é bem ruim a estrada

pegue a estrada boiadeira
até chegar no pé da serra
e assim que acabar a estrada
entre na estreita picada
onde o mato cobriu a terra

vez em quando os passarinhos
vão cantar em alvorada
talvez desça em seus ombros
dobrando um cantico longo
em toda sua jornada

e assim que sentir na pele
os raios de sol dourado
pode tirar a camisa
porque a natureza avisa
pra passar o rio a nado

mas se a caso lhe der sede
ou a poeira lhe fizer mal
desça um pouco mais abaixo
e tome água do riacho
que Deus a fez mineral

mas desça bem de mansinho
com toda cautela que tem
porque se for meio dia ou mais
todos passaros e animais
lá tomam água também

e assim que tiver disposto
e quiser continuar
descendo a pequena ladeira
e avistando a velha porteira
é ali o meu lugar

não se assuste ao tropessar
com animais no terreiro
neste solo abençoado
não me lembro ter fechado
nenhum porco no chiqueiro

a vida lá é desse jeito
se abusa da liberdade
porque a própia natureza
tão frágil e tão indefeza
é uma prisão de verdade

se eu não estiver em casa
não se acanhe pode entrar
pois quando eu vou prá pescaria
eu só volto no outro dia
depois que o sol raiar

mas quando voçê for embora
vou lhe pedir um favor
feche a porteira bem devagarinho
que é pra não assustar no ninho
meu casal de beija flor...



ataide vieira (poeta ambiental )
POETA AMBIENTAL (ATAIDE VIEIRA)
Enviado por POETA AMBIENTAL (ATAIDE VIEIRA) em 07/07/2010
Reeditado em 30/09/2010
Código do texto: T2364070
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