Ah... minha casa!!!
Minha casa emoldurou muitas historias, diversos momentos que´, por uma mente inquieta como a minha, foram esquecidos... mas que existiram e estão impregnadas nas paredes que aqui por ora estão sujas...
Minha casa conteve-me por muito tempo, como prisão domiciliar, onde há uma coleira no tornozelo que não te permitem caminhar para além da porta...
Minha casa foi recanto de sorrisos, de gargalhadas efusivas de quem só sabe rir alto, mas de quem sabe chorar bem baixinho...
Minha casa, terreno de guerras Homéricas, cenario de Iliada, onde Troia guerreava... agora é Odisseia, onde retorno a mim mesma, tal qual Ulisses a Ítaca...
Minha casa é cumplice de dores, de amores, de criancices, de imaturidades, de momentos onde tentei trapacear a tristeza, enganar os desenganos, correr do que me fazia presa...
Minha casa alargou-se em incoerencias, demencias, onde tenta-se o demonio dominar...
Minha casa, de tão pequena que é, restava apenas um fio de luz pela janela quebrada, que sempre me acordava, e levantando tropeçava em minha desordem, esbarrando-me pelas provas de que tinha ido longe...
Minha casa, que aguardava-me todos os dias, que acolhia-me em seus largos braços, onde faltava-me um certo abraço, onde na garoa fina da madrugada o rosto molhava-se de lagrimas doídas...
Minha casa, aquietou meu coração, por onde eu pude rolar no chão e viver um pouco do que não me permitir em momento certo...
Minha casa, onde vi minhas crianças dançarem, onde vi meus meninos chorarem, onde vi consolada-me por pequenas mãos que alisavam meu rosto suado de cansaço por simplesmente ainda estar viva...
Mnha casa, que tratou a dor e o devaneio, onde as vezes sentia-me alheio, onde meus limites foram testados e muitas vezes estreitados...
Minha casa, onde minhas vaidades fluiram, meus desejos morreram, minha vida seguiu...
Minha casa, residuos de minha historia, concederá lembranças eternas...
Etéreas...
Continuando...